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Tipo: Fundo    Dimensão: 78 caixas    Datas: 1928-1965
História:
Humberto da Silva Delgado, filho de Joaquim da Silva Delgado, oficial do exército, e de Maria do Ó Pereira Delgado, nasceu em Boquilobo, Torres Novas, a 15 de Maio de 1906. Casou com Maria Iva de Andrade Delgado.
Frequentou o Colégio Militar, cujo curso concluiu em 1922, bem como a Escola do Exército, onde se formou em Artilharia de Campanha, em 1925. Ingressou então na Escola Prática de Artilharia.

Participou na preparação no Movimento do 28 de Maio de 1926, que pôs termo ao regime republicano.
Frequentou o curso de observador aeronáutico (1926-1927), passando depois a instrutor e, em 1928, tirou o curso de oficial piloto aviador. Entre 1929 e 1932 fez os preparatórios do Curso de Estado Maior e de 1932 a 1936 frequentou a Escola Central de Oficiais, concluindo o Curso de Estado Maior.

Desempenhou funções de adjunto militar do Comando Geral da Legião Portuguesa, de comissário nacional adjunto da Mocidade Portuguesa, passando depois a vogal do Conselho Técnico. Foi adjunto da Missão Militar às colónias em 1938, altura em que se deslocou a São Tomé, Angola e Moçambique. Acompanhou o Presidente da República, general Craveiro Lopes, à África do Sul. Em 1929 foi secretário do Ministro da Instrução, o tenente-coronel Eduardo da Costa Ferreira. Data do mesmo ano a visita de estudo à aviação francesa, e de 1932 a visita de estudo ao Marrocos espanhol. A convite do Governo espanhol acompanhou uma missão da Legião Portuguesa a Espanha, durante a guerra civil. Em 1942 foi nomeado representante do Ar nas negociações para a cedência aos ingleses da base dos Açores, o que lhe valeu a atribuição da Ordem do Império Britânico.

Em 1944 foi nomeado director geral do Secretariado de Aviação Civil e em 1945 fundou os Transportes Aéreos Portugueses (TAP), criando as primeiras linhas de ligação aéreas com Angola e Moçambique. Em 1952 foi nomeado adido militar na Embaixada de Portugal em Washington e membro do Comité dos Representantes Militares da NATO. Com 47 anos foi promovido a general e em 1956 o Governo americano concedeu-lhe o grau de Oficial da Ordem de Mérito.
Em 1958 recebeu convite da oposição democrática para se apresentar, como candidato independente, às eleições presidenciais. Aceitou, afirmando, durante a campanha eleitoral, que demitiria Salazar, caso o vencesse nas urnas. O apoio popular à sua candidatura e a subsequente acção da PIDE causaram tumultos no Porto e em Lisboa, a 14 e 16 de Maio. Realizadas as eleições, foram os seguintes os resultados divulgados: 25% dos votos para Humberto Delgado e 75% para Américo Tomás. Foi então afastado, pelo Governo, das funções que exercia. Manteve, no entanto, actividade política, criando o Movimento Nacional Independente.

A 12 de Janeiro de 1995 refugiou-se na Embaixada do Brasil, acabando por partir, a 21 de Abril de 1959, para o Rio de Janeiro, onde entrou em contacto com oposicionistas ao regime político de Salazar, com o objectivo de contra ele desenvolver uma acção concertada. Assumiu a responsabilidade política do apresamento do navio Santa Maria, da Companhia Nacional de Navegação, em 22 de Janeiro de 1961, levado a cabo por Henrique GaIvão em conjunto com membros do Directório Ibérico de Libertação.

Nesse mesmo ano entrou clandestinamente em Portugal, com o objectivo de participar na revolta de Beja, que não vingou. O facto causou-lhe a perda do estatuto de exilado no Brasil. Deixou este país em 1963, voltando à Europa (Checoslováquia), onde passou três meses. Foi depois para a Argélia, onde o presidente Ben Bella o recebeu com honras de chefe de Estado. Assumiu a liderança da Junta Revolucionária Portuguesa, órgão directivo da Frente
.Patriótica de Libertação Nacional, que integrava diferentes correntes da oposição. Acabou por entrar em divergência com os demais elementos em relação à forma de derrubar Salazar.

Procurado pela PIDE desde 1959, foi a Badajoz, em 13 de Fevereiro de 1965, pensando acorrer a um encontro com oficiais do exército. A partir desse dia, ele e a sua secretária, a brasileira Arajaryr de Campos, foram dados como desaparecidos. Só dois meses mais tarde, a 24 de Abril de 1965, na sequência das investigações de uma Comissão da Federação Internacional de Direitos do Homem, foi anunciada a descoberta dos corpos, perto de Villanueva del Fresno.

Humberto Delgado foi colaborador de diversas revistas e jornais, de que se podem referir a Revista Militar, a Revista de Artilharia, a Do Ar, a Aeronáutica, a Defesa Nacional, da qual era editor e chefe dos serviços de propaganda, e de O Século.
São várias as obras publicadas: de 1933, A pulhice do Homo Sapiens; de 1937, Aviação, Exército, Marinha, Legião: conferências; de 1937, Guerra de ruas e guerra de guerrilhas; de 1939, Auxiliar do graduado da Legião: 28 de Maio, peça radiofónica em três actos.
É referido, pela actividade política que desenvolveu, como "o General sem Medo".

História custodial e arquivística:
Parte da documentação produzida e acumulada por Humberto Delgado foi, por ele próprio, enviada para a Quinta da Sela Velha, sem instruções sobre a respectiva guarda e destino futuro. O exílio de Humberto Delgado no Brasil, em 1959 e, posteriormente, na Argélia, teve como consequência que parte da sua documentação nunca tenha sido recuperada.
Em 1981 o fundo foi oferecido pela família à Biblioteca Nacional, tendo ficado à guarda do Departamento de Espólios. Em 1997, após a concordância dos doadores, foi transferido para o Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, ao abrigo do protocolo celebrado entre as duas instituições em Dezembro de 1996.
A 12 de Maio de 1998, comemorando-se o 40° aniversário das eleições presidenciais de 1958, as famílias de vários particulares, directamente ligados à candidatura de Humberto Delgado, doaram as respectivas colecções: Cal Brandão (por D. Beatriz Cal Brandão); Artur Mirandela (por D. Helena Mirandela e D. Maria Domingas Galhardo); Montalvão Machado (por Júlio Montalvão Machado); e Sérgio Carvalhão Duarte. Embora de proveniência diferente, essa documentação foi apensa ao espólio Humberto Delgado e encontra-se descrita no mesmo inventário, se bem que individualizada.
Descrição:
Tratando-se de documentação produzida e acumulada no âmbito do desempenho de actividades profissionais e polticas concretas, reflecte as diferentes áreas de actividade e de interesse do respectivo produtor.

Parte assume carácter pessoal, como a correspondência (cartas de familiares e amigos, telegramas, cartões); a documentação relativa a gestão patrimonial e administração de propriedades (correspondência, recibos, facturas, contratos de arrendamento); a relativa à carreira militar (curricula, notas biográficas, louvores); bem como uma colecção de recortes de imprensa, nacional e estrangeira, sobre temáticas muito diversas.

Outra parte da documentação resulta do exercício das suas funções como comissário adjunto da Mocidade Portuguesa e adjunto militar do Comando Geral da Legião Portuguesa, bem como das que desempenhou no âmbito da aviação militar e da implementação da aviação civil em Portugal, nas negociações para a cedência das bases aéreas dos Açores aos aliados, no âmbito da 2a Guerra, e na representação em organismos internacionais. Destacam-se a correspondência, os copiadores de correspondência, os discursos, os acordos, os contratos, os relatórios, os apontamentos, os estudos, as notas, os regulamentos, os mapas e cartas militares, os memorandum, os curricula, os recortes de imprensa.

Da actividade política, mais precisamente da sua candidatura às eleições de 1958, destaca-se a correspondência, as listas de apoiantes, discursos, apontamentos, bem como, do período posterior,correspondência,.relatórios, palestras, apontamentos, artigos e recortes de imprensa portuguesa e estrangeira, panfletos, entre outros documentos.
Como apoio ao desempenho profissional inclui monografias técnicas ou especializadas sobre aviação e aeronáutica civil e militar, história e questões militares, ou directamente dele resultante (obras publicadas por Humberto Delgado).
As doações de Artur Mirandela, Cal Brandão, Montalvão Machado e Sérgio Carvalhão Duarte incluem documentação relativa às eleições de 1958: correspondência, discursos, panfletos, comunicados, manifestos, cartazes, fotografias, transcrições de artigos publicados na imprensa portuguesa e estrangeira.

doação Montalvão Machado contém o registo sonoro de um discurso proferido por Humberto Delgado em Chaves, a 22 e Maio de 1958.
Organização:
A documentação foi classificada pela autora do inventário segundo um critério orgânico-funcional, tendo sido consideradas as seguintes secções: "Actividade militar e diplomática" (constituída pelas séries "Legiâo Portuguesa", "Aviação civil e militar", "Correspondência oficial"); "Actividade pessoal" (que compreende as séries "Correspondência particular", "Documentos biográficos", "Documentos pessoais" e "Recortes de imprensa"); "Actividade política" (com as séries "Eleições presidenciais de 1958" e "Exílio").
A documentação oferecida em 1998 foi organizada por doadores, cada um dos quais considerado uma secção: "Doação Artur Mirandela", "Doação Cal Brandão", "Doação Montalvão Machado" e "Doação Sérgio Carvalhão Duarte". Em cada secção existe uma única série intitulada "Eleições presidenciais de 1958".