Os desafios do século XXI
A par com toda esta abundante produção legislativa, nem sempre com os resultados que com ela se pretendem alcançar, o Arquivo Nacional debate-se com as dificuldades que são, em regra, comuns a todas as restantes estruturas culturais. A riqueza do seu acervo não tem correspondência nos meios que o Estado coloca ao seu dispôr.
Se o Decreto-Lei de 1985 refere explicitamente a importância de colocar o Arquivo ao serviço dos cidadãos, apercebe-se o cidadão que, na era da informática, são muito escassos os meios que as novas tecnologias colocam ao seu dispôr.
Sobre os instrumentos de que dispõe para aceder à documentação, os chamados "auxiliares de pesquisa", escreveu o Prof. Joel Serrão no seu "Roteiro" pubicado em 1984:
"Se fizermos um exame crítico geral sobre a natureza dos elementos de busca postos à disposição do utilizador na Sala dos Indices, teremos de retomar a posição de Silva Marques no prefácio de "O Arquivo Nacional da Torre do Tombo" de 1935.
Os Elementos de Busca são na verdade tecnicamente muito rudimentares, fragmentários, incompletos, por vezes errados, além de muito dispersos e pouco acessíveis.
| Muitos núcleos estão apenas tratados em parte ou com grandes omissões. Muitas vezes a descrição do mesmo núcleo está disponível nos três tipos existentes de Elementos de Busca - livros, cadernetas e ficheiros - o que torna complexa e aleatória a sua consulta.
Na sua maioria são manuscritos, eventualmente com duplicações e muitos apresentam-se em forma de improvisados verbetes unidos por fios, consituindo grupos que são comummente designados no arquivo como "rosários". Afigura-se evidente a necesidade de proceder à sua dactilografia.
Passados 70 anos sobre o primeiro diagnóstico ou 25 anos sobre o segundo, a situação não é, em 2009, substancialmente diferente: os auxiliares de pesquisa disponbilizados na Sala dos Índices continuam a ser os que foram criados no séculos XVIII e XIX e praticamente não existem, ainda hoje, bases de dados consultáveis. As poucas que existem foram criadas e disponbilizadas pela AATT nos últimos cinco anos.
Disponibilizar em bases de dados a Sala dos Índices e colaborar activamente no processo de digitalização dos documentos que o Arquivo agora iniciou são as duas grandes apostas da AATT para os próximos três anos. Assim consiga mobilizar a sociedade civil para este projecto nacional e a Torre do Tombo, símbolo da nossa História de 9 séculos saia dignificada no seu estatuto de Arquivo Nacional. 1 . 2 . 3. 4. |
